Uma das crises anunciadas para a Copa 2014 é a do “apagão aéreo”, ou seja, nossos aeroportos não estarão preparados para o fluxo de turistas e de cargas relativos à competição. O tempo corre contra. Os recursos, a burocracia e até mesmo nossa legislação, que admite uma interminável disputa entre as grandes construtoras para obter as obras, acabam concorrendo contra o ideal de estruturação do País. Há espaço, porém, para a ação daqueles que estão imbuídos do espírito público necessário à preparação brasileira.
O “apagão” mais evidente parece ser o aéreo. Nossos aeroportos, a exemplo do que aconteceu em Manaus, entre março e abril deste ano, no setor de cargas, estão despreparados. Ficaram atrás no tempo. Tornaram-se obsoletos. Não atendem à demanda atual e não têm nenhuma chance num contesto de Copa do Mundo.
O que fazer? Tenho procurado ajuda de funcionários da Infraero. Eles me dizem: “Deputada, a senhora já andou num aeroporto, além dos momentos de embarque e desembarque? Já viu que as companhias aéreas concentram todos os vôos em determinados horários e que, nos demais, os terminais ficam entregues às baratas?”
Segundo esses funcionários, os aeroportos brasileiros, inclusive o de São Paulo, o maior de todos, ficam ociosos durante cinco horas pela manhã e cinco horas à tarde. Ou seja, durante dez horas a infraestrutura aeroportuária nacional fica inutilizada, sem uso, entregue à própria sorte.
É racional e desejável que, mesmo abrindo mão de uma parcela do lucro, as empresas aéreas brasileiras façam parte do esforço que o Brasil precisa para atender à Copa do Mundo de 2014 e ao dia a dia dos brasileiros. É natural que se reprogramem e ocupem os horários ociosos nos aeroportos. Tudo bem, temos um momento de maior fluxo, nos quais os vôos estão concentrados, mas haverá um momento em que eles não serão suficientes e ocupar a infraestrutura ociosa equivalerá à ampliação do potencial que temos hoje.
Racionalidade e planejamento é fundamental nessa hora. A Copa 2014 é um teste. Ou o Brasil passa por ele ou precisará de muitos outros anos para fazê-lo.
Artigo publicado no jornal Diário do Amazonas